Andando mais um pouco pelo Jardim do Anahata chegamos ao Jardim do Silêncio. Podemos sentar ao lado de um tronco caído, com vista para um dos lagos, depois fechar os olhos, e então OUVIR.
Os ouvidos são um instrumento da percepção humana, de uma natureza muito apurada, que percebem vibrações e sons que estão à nossa volta, e nos permitem exercitar a capacidade de OUVIR.
Para ouvir precisamos de SILÊNCIO, para que a interpretação do que estamos ouvindo esteja correta. Uma escuta cheia de ruídos e interrupções faz com que a escuta seja equivocada, errônea ou truncada, por exemplo, e podemos nos enganar.
É o que acontece muitas vezes nas conversas, nos diálogos, em que somos mal interpretados e não conseguimos nos comunicar plenamente. Ou o outro, através das palavras, consegue nos enganar. Sem a escuta apurada podemos fazer as escolhas erradas e depois nos arrepender.
Os ruídos, as interferências, são externas e internas também. Externas são mais simples de identificar, como barulho, música muito alta, um ambiente conturbado. Os ruídos internos estão ligados às nossas emoções, com nossos valores, com nosso sistema de crenças, portanto muito mais complexos, mais difíceis de interpretar. Isso requer treinamento, escuta.
Exigem de nós autoconhecimento, observação e o desenvolvimento de uma escuta interna. Quando fazemos o exercício da escuta interna, isto é, ouvir e observar o que se passa dentro de nós, melhoramos a capacidade e a saúde física do ouvido físico também. A organização interna naturalmente leva a uma melhor escuta fora, do outro, do mundo, do todo.
Como conseguimos essa escuta interna, como conseguimos silenciar nossa mente tagarela, nossos medos, as preocupações e as angústias que nos parecem tão reais? Através da meditação, fechando os olhos, se voltando para dentro, prestando atenção na respiração. Simplesmente, inspirando e expirando, deixando os pensamentos fluírem. Como se você estivesse assistindo a um filme. Esses pensamentos começam a diminuir, e começam a surgir espaços entre eles. Essas pausas nos levam para um outro estado da consciência, semelhante ao estado de consciência antes do sono profundo. É esse estado meditativo que restabelece nosso equilíbrio, nos dá novo ânimo e possibilita que, muitas vezes, saiamos dali com alguma solução para um problema. Esta solução vem dessa escuta interior, de um lugar de sabedoria que todos trazemos dentro de nós.